Será...
De mim, que não sinto a razão que desaparece
Ou a vontade de a ter que a cada dia esmorece
Será...
De ti, que não sentes os meus olhos perdidos
Em busca dos teus que se afastam desentendidos
Será...
De nós, que como águias voamos em círculos confusos
Ignorando o que sentimos como se fossemos intrusos
Será...
De todos, a culpa de não conseguir-mos recomeçar
Esse trilho que foi traçado e que insistimos quebrar
Será...
Talvez de tudo, menos de nós, este sentimento corrosivo de ausência
Que nos persegue com sorrisos ansiosos e olhares de impaciência
Será...
Simples, a vida que tentamos complicar com previsões incertas
Aguardando, esquecendo, evitando recordações, para nós, secretas
Será...
De mim, que não sei ver para além daquilo que consigo sentir
Como se nadasse num oceano do qual nunca conseguirei sair.
Elsa Azevedo
Elsa Azevedo
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Imagens por: Pedro Pinheiro