Quero-te...

_{Outra manhã que acordo a pensar em ti. Na noite, os teus braços envolvem os meus num aconchego que me ensina a verdadeira paz interior. Acordo sem essa sensação que preenche o meu coração. Não te sinto a acariciar o meu rosto. Não vejo os teus olhos a procurar os meus. Ausência. É apenas esse vazio que arranha o meu pensamento deixando-me despida de um sentimento que queria que fosse real. Quero adormecer novamente. Fecho os olhos e esforço-me por sentir o teu abraço quente. Porque me deixas nesta angústia? Esta ausência que me persegue, este silêncio que se repete dia após dia. Queria sentir-te perto de mim. Queria os teus lábios a percorrer cada centímetro da minha pele. As tuas mãos a explorar todos os cantos do meu corpo. Uma união que sei que é verdadeira e que o meu pensamento insiste recordar a cada segundo. O teu cheiro doce vagueia em meu redor. É um desejo quente que se incendeia sem que o consiga controlar. É paixão? É amor? É algo muito superior. Algo que nunca senti por ninguém. É um sentir que não se sente, é um sentimento sempre presente. Não sei mais de ti do que aquilo que recordo. Talvez ame um ser que não conheço. Uma imagem que se fixou na minha vida e que não me permite avançar. Mas és tu que a minha mente persegue sem que a consiga deter. Não quero pensar no teu sorriso, mas ele surge no meu pensamento como se estivesses a meu lado. O teu olhar doce, os teus beijos, o teu toque. É desejo? É um querer para além do esperado? Não sei… Sei apenas que o meu coração se aflige sem te ver. E…quando te vê, salta, dispara, numa euforia que me atrapalha os sentidos. É uma dor que não se explica… Um aperto de felicidade estranha que por mais que procure detalhar, não encontro forma de a expressar. Quero-te. É essa a certeza que me faz acreditar que a tua existência não é um delírio meu. Quero-te mais do que possas imaginar. Não sei o que guarda o amanhã. Sei que hoje não sei de ti. Isso dói. Porquê? Não sei… Apenas sei que te quero… E se isso for algo errado? Apenas um sentimento ingénuo e individual? Um assunto mal resolvido que nos arrasta a ambos e nos faz tropeçar um no outro? Ou talvez seja errado ser como sou, demasiado sentimentalista, colocando o termo “racional” numa estante escondida da minha vida. É errado sentir-me assim. Essa certeza paira no ar. Quero que ela desapareça. Quero-te a ti...}