Outros Tempos...

16-12-2011 13:25

 

Para longe se afastam as recordações a preto e branco. Daquele pagode da novidade, que vivia através de uma caixa pequena e de formato estranho. Eram pessoas de olhos arregalados que se colavam e amontoavam frente a esse objecto desconhecido. Na vizinhança, ninguém sabia o que era, mas chegavam curiosos e tentavam encontrar um espaço para colocar os seus olhos famintos de bisbilhotice. “Coisas de ricos!” Murmuravam. Ainda assim, vinham de longe, caminhando a terra batida, levantando pó com os seus sapatos velhos, arrastando saias largas e pés pesados de cansaço. Eram movidos pela novidade de uma caixa com imagens de gente viva, que se mexia como eles, mas que não tinham os modos da gente do campo. Eram novidade. O tempo passou e as pessoas continuaram a olhar fixamente aquelas pessoas diferentes que nada lhes diziam. De qualquer forma, não conseguiam parar de olhar. Queriam saber mais. Esqueceram a lareira que ardia os últimos tanganhos. Apagou-se o lume e ficou frio. A panela de barro jazia negra com restos do jantar. Ninguém notou a ausência do calor, nem da voz. Foi nesse tempo que começou o fanatismo pela televisão e se esqueceram as gargalhas partilhadas. As conversas, as histórias, o convívio, tudo isso ficou reduzido a um lume sem chama.

 

Elsa Azevedo

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26-05-2011 13:02

Comparações...

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04-05-2011 22:45

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  Sentir as palavras que descansam numa folha Lê-las sem receio de descobrir um sentimento Interiorizar pensamentos dignos de recolha Escritas lidas e eternizadas num momento.   Ler e saber entender o que os olhos traduzem Eles espelham emoções sinceras que reluzem Em folhas gastas por...
28-04-2011 22:38

Acasos...

  O ser humano vive na orla do seu querer Anseia conquistar um mundo feito de ilusões Não são acasos que o levam a conseguir ver Pedaços soltos, vazios, de pequenas ambições.   São ruas sem fim que se cruzam ao longe Pés cansados caminham sem sentir o chão Pisam pedras ásperas deixadas...
16-04-2011 22:25

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   Imagens por: Pedro Pinheiro

 

 

 

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