Porque sei que o vento a nada sabe
E conheço também alguma honestidade
De dizer que o nosso futuro depende
De alguém, alguém que ainda o defende.
Soltam-se as brumas do afortunado
Desse que desconhece o seu passado
Abrem-se caminhos para ver passar
Essa gente que nos continua a roubar.
Por entre murmúrios encobertos
Vão-se dando alguns como certos
A angústia de se ser esquecido
Ser-se banalizado e extorquido.
Viver na ignorância desses sussurros
Que se escondem entre paredes e muros
Ouvir os gritos no silêncio do desespero
Nada sentir e prosseguir com o enterro.
Continua-se a desprezar quem passou
Quem nos estendeu a mão e nos amou
Agarram-se ideais destorcidos de valores
Procuram-se réstias dos poucos detentores.
Elsa Azevedo
Elsa Azevedo
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Imagens por: Pedro Pinheiro