Folhas escritas com palavras estranhas
São segredos abertos com outras manhas
Leio-as sem procurar as frases que dizem
Palavras que as minhas feridas cicatrizem.
Não é de ti este meu estranho anseio
São estas palavras que ainda releio
Papel repousado num recanto antigo
Não é de ti, acredita no que te digo.
Livros que guardam palavras minhas
Podiam ser nossas estas entrelinhas
Leio para que as torne vivas cá dentro
Escrevo para as tirar do meu centro.
Não passam de folhas recolhidas
Escritas antigas, vividas, perdidas
Não sou eu, nem é de mim este mal
Talvez seja por não existir outro igual.
Elsa Azevedo
Elsa Azevedo
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Imagens por: Pedro Pinheiro