Força que consome um universo ardente,
O seu fervor torna tudo incandescente
A sua chama mantém-se sempre quente,
Até que por fim devore a última semente.
A sua cor viva espelha o terror
Arruina tudo com tamanho fervor
Segue chamejante por entre o calor
Incendeia a vida sem qualquer dor.
É uma chama que nasce no ar
E nada à sua volta a consegue parar
Ergue-se nos altos sem se abalar
Pois nada a conseguirá alcançar.
É uma força como não há igual
Que segue cintilante espalhando o mal
Apaga o verde e o colorido natural
E leva consigo qualquer animal.
É viçoso e abrasador
É flamejante e destruidor
É sufocante e assolador
É o pior de qualquer terror.
Indispensável a qualquer ser vivo
Seja o mais novo ou o mais antigo
É fundamental para mim e para ti
É essencial até para o meu inimigo.
Pode vir em forma de chuva
Cair na terra e alimentar a uva
Pode-se até encontrar na rua
Na minha garrafa ou na tua.
Existe no supermercado local
Ou na fonte do meu quintal
Existe no lago do jardim
Ou no ribeiro perto de mim.
No mar existe em abundância
Todos se banham na sua fragrância
Não sei se será falta de confiança
Que me desvio deles com relutância.
A sua pureza é incontestável
Por todo o mundo é indispensável
A sua força é algo incontrolável
Mas para alguns é inalcançável.
É um produto natural
Não existe outro igual
Aparece em abundância
Em qualquer circunstância.
Existe em forma de serra
E também de montanha
O mundo é feito de terra
Por todo o lado se entranha.
Pode ser fonte de vida
Pode ter diversas cores
Pode ser sempre esquecida
Pelos seus dissabores.
É a minha e a tua terra natal
Não te chateies nem leves a mal
Mas como a minha não igual
Tudo nela é simplesmente divinal.
Porque venho da terra
E porque lá hei de ir parar
Continuo em guerra
Para que isso possa atrasar.
Substância que envolve a terra
E alimenta a vida por toda a esfera
Por ele ninguém espera
Nem em dias quentes, nem na primavera.
É algo que não consigo tocar
Apenas o posso sentir a passar
Flutua em meu redor sem nunca parar
Segue o seu caminho para outro lugar.
Ninguém o consegue alcançar
Nem mesmo as aves a esvoaçar
Que atravessam o mundo com o seu pulsar
Esperando que ele as possa acompanhar.
É algo que não consigo ver
Talvez seja apenas por não entender
Que tudo consiga assim sobreviver
Num mundo onde tudo irá morrer.
Serve para nos arrepiar
Serve para conseguirmos voar
Serve para podermos respirar
Pois sem ele não poderíamos cá estar.
Elsa Azevedo
Elsa Azevedo
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Imagens por: Pedro Pinheiro