É do tempo que se afasta no momento
É da vida que se encontra meio perdida
É do rumo incerto que segue em desaprumo
É do mundo que gira veloz a cada segundo.
Pensei que era mais fácil pensar que era do tempo
Da chuva fria de Inverno ou do seu constante vento
Das nuvens negras cobrindo o céu deixando-me ao relento
Pensei que era mais fácil pensar nesse curto momento.
Não pensei que a chuva nem sempre cai na minha janela
Cai sorrateira por aí onde talvez nem todos dão por ela
Mas eu sinto-a a cair como se fosse dentro de mim
Não pensei um dia que pensar nela me deixasse assim.
Pensei que era mais fácil pensar que é da vida
De tudo o que ela guarda e que sempre tem uma saída
Do que de bom se vive e do que se tem para viver
Pensei que era mais fácil pensar na vida antes de morrer.
Não pensei na morte como fruto de um fim determinado
Como quem desaparece e leva consigo um velho ditado
Como se fosse o fim de um caminho há muito traçado
Não pensei nela, nem tão pouco pensei no seu legado.
Pensei que era do rumo que se atrapalha no caminho
Ou de tudo o resto que lhe foge deixando-o sozinho
Como se o seu destino fosse vaguear sem direcção
Pensei nisso sem pensar que talvez exista uma razão.
Pensei que era mais fácil pensar que é do mundo
Esse sítio que, sem querer, nos mostra o seu fundo
Entre o céu azul que o acaricia e a terra que o abriga
Pensei que era mais fácil pensar que é uma coisa antiga.
Não pensei, talvez, que é da minha mente fantasista
Que voa para além do óbvio na janela desta vida
Sem querer passar por louca nem mesmo por artista
Não pensei pensando que é melhor andar abstraída.
Elsa Azevedo
Elsa Azevedo
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Imagens por: Pedro Pinheiro