Como o soluçar incessante de uma criança
Que se aflige num mundo despido de cor
Olho para o amanhã com curta esperança
De conseguir ultrapassar esta estranha dor.
Como raízes incrustadas num rochedo antigo
Fico presa a memórias repetidas em desalinho
São vastas as recordações que tenho contigo
Mas não são elas que guiam o meu caminho.
Como barcos à deriva num mar bravio
Finjo manter-me à tona neste meu rio
Águas cristalinas deslizam pela vida fora
Chegou o dia de dizer adeus e ir embora.
Como pássaros em busca de novos horizontes
Afasto-me do passado e procuro novas fontes
Que me saciem esta sede de uma nova vida
E me mostrem a felicidade outrora conhecida.
Elsa Azevedo
Elsa Azevedo
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Imagens por: Pedro Pinheiro