Carta...

28-12-2011 13:16

 

Era apenas um tipo de papel diferente, gasto pelo toque constante daqueles mesmos dedos que seguravam a saudade nos olhos. As letras, já não tinham o brilho jovem que as fez crescer. Alongavam-se pelas linhas, curvavam-se nos parágrafos e morriam nos pontos finais. Os dedos, calejados e vividos, percorriam a folha lentamente, perdendo a noção do tempo enquanto rodopiavam sob as manchas salgadas que debotavam a memória das palavras. O tempo criou essa distância entre o que foi escrito, quem escreveu e quem leu. A recordação de quem lê sobre um passado guardado no presente, é como quem vive num tempo onde não existe futuro. São lágrimas que vertem a esperança de alcançar outra realidade, algo que se perdeu na transição dos dias e jamais retornará. Uma esperança gasta pelo reviver do passado. O papel nada consegue trazer de volta. Ele guarda, com certo egoísmo, os segredos de quem lhe confidenciou os seus medos. E o passado permanece como um reflexo nublado aos olhos de quem já não anseia por ver o amanhã a nascer.

 

Elsa Azevedo

Contacto

Procurar no site

 Personagens:

  • Susana
  • Eduardo
  • Ana Maria
  • Jaime
  • Cristiano
  • Enfª. Olga Vicente
  • Dr. Nunes
  • Dr. Angelo
  • Dolores
  • Sr. João
  • ...

Espaços:

  • Portimão
  • Odeceixe
  • Ourique
  • Santana da Serra
  • Castro Verde
  • Açores
  • ...

Notícias

02-06-2011 13:18

És...

  Água turva que nos meus olhos clareia Fogo extinto que a minha pele incendeia Tempestade bravia que em mim desponta Por ver em ti o que mais ninguém encontra.   Sol quente que em mim nunca arrefece Lua cheia que o meu peito aquece Céu azul que sei que nunca escurece Estrela...
01-06-2011 13:44

Indefinição...

  Sinto um vazio preenchido pelo nada Um nada que se prende na saudade Vazio que se estende até à madrugada Um nada indefinido pela falta de vontade.   Os ruídos alheios já não assustam o sono Finjo que lá fora continua a ser Outono A noite caí sobre mim sem se anunciar Será esta a forma...
31-05-2011 13:48

Carícias...

  Gestos ternos, delicados, amáveis Simples toque que sacia um corpo Carícias não de todos, tuas, afáveis Surgem fiéis como se fossem um todo.   São sensações individuais que conservo Deslizam pela memória que não perdi São uma ligação que sem querer espero Uma visão ofuscada por aquilo...
27-05-2011 13:31

Partículas...

  Entre partículas vindas de outros tempos Acumula-se um entender sem entendimento Um aglomerado que se esconde nos ventos Em busca de refúgio e de acolhimento.   São misturas envolvidas por sabedoria Um conhecimento tímido que se funde São saberes unidos em pura harmonia Esperam,...

 

   Imagens por: Pedro Pinheiro

 

 

 

© 2010 Todos os direitos reservados.

Crie o seu site grátisWebnode