Carta...

28-12-2011 13:16

 

Era apenas um tipo de papel diferente, gasto pelo toque constante daqueles mesmos dedos que seguravam a saudade nos olhos. As letras, já não tinham o brilho jovem que as fez crescer. Alongavam-se pelas linhas, curvavam-se nos parágrafos e morriam nos pontos finais. Os dedos, calejados e vividos, percorriam a folha lentamente, perdendo a noção do tempo enquanto rodopiavam sob as manchas salgadas que debotavam a memória das palavras. O tempo criou essa distância entre o que foi escrito, quem escreveu e quem leu. A recordação de quem lê sobre um passado guardado no presente, é como quem vive num tempo onde não existe futuro. São lágrimas que vertem a esperança de alcançar outra realidade, algo que se perdeu na transição dos dias e jamais retornará. Uma esperança gasta pelo reviver do passado. O papel nada consegue trazer de volta. Ele guarda, com certo egoísmo, os segredos de quem lhe confidenciou os seus medos. E o passado permanece como um reflexo nublado aos olhos de quem já não anseia por ver o amanhã a nascer.

 

Elsa Azevedo

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Notícias

03-07-2011 11:06

Vento...

  O vento desliza nos vidros de uma janela fechada Bate, ao de leve, esperando conseguir uma entrada Aguarda, paciente, que o vidro se torne ausente Percorre-o com carícias fingidas de quem mente.    Sinto-me como o vento que aguarda sem se cansar Que uma janela se abra e talvez me...
16-06-2011 13:30

Procuro...

  Uma voz quente que me sussurre ao ouvido Palavras doces, ternas, verdades apaixonadas Um abraço forte, aconchegante, querido Que me envolva nas eternas madrugadas.   Sem encontrar, insisto nesta busca impossível Certezas vãs que definham num mundo insensível Procuro, sem saber se um dia...
15-06-2011 13:33

Penso...

  Penso...   Que a vida é um vulto que nos envolve a visão Repleta de ideais fúteis que nos cegam a razão Que nos guiam por caminhos ausentes de verdade No qual perdemos a noção da nossa realidade.   Penso...   Que as pessoas já não olham para o lado Como se ajudar alguém...
12-06-2011 22:56

Perda...

   Vazio doloroso que se aproxima sem avisar Ausência que dói e não se consegue controlar Saudade, tristeza, vontade de voltar no tempo Inverter esta perda que surge num momento.   Não te vejo quando olho para a rua deserta Não encontro o teu jeito engraçado de brincar A inexistência...

 

   Imagens por: Pedro Pinheiro

 

 

 

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