Aquilo que vejo...

01-09-2011 00:05

 

Aquilo que vejo...
É o mesmo que tu vês?
Uma mistura de sombras vazias agarradas a recordações esquecidas que se perdem no infinito da imaginação. Como peixes podres debruçados sobre as entranhas descarnadas de um passado recente que insiste estupidamente transcender o presente.
 
Aquilo que vejo...
É o mesmo que tu vês?
Pessoas vazias, por fora e por dentro. Olho para elas e não vejo quem são, o que são. Para mim, são apenas corpos que se passeiam por onde passo. Caminham, mas não quero que caminhem a meu lado. Porque vejo que não levam nada no pensamento. São olhares vazios, ocos, ausentes que se cruzam com o meu. Procuro uma réstia de brilho, talvez um sonho perdido, enterrado nas suas mentes. Sento-me longe dos vultos que não consigo compreender. Mexem-se como eu, mas não os consigo realmente ver. Sento-me e fecho os olhos. Ouço passos rápidos de quem quer chegar a lado nenhum. Passam ao lado da vida que se senta num banco de jardim a contemplar o céu azul. Sapatos correm no alcatrão e transportam pés sedentos de viver. Passam tão depressa, com medo da vida não esperar pelos seus passos. Alguns pés tropeçam ao mudar de sentido. Ouço-os a abrandar com hesitação. Logo seguem o seu rumo sem me prestar grande atenção. Abro os olhos e continuo a ver vultos ausentes a correr ao meu lado. Junto-me a eles, que talvez o melhor é ninguém ficar parado.
 

Elsa Azevedo

Contacto

Procurar no site

 Personagens:

  • Susana
  • Eduardo
  • Ana Maria
  • Jaime
  • Cristiano
  • Enfª. Olga Vicente
  • Dr. Nunes
  • Dr. Angelo
  • Dolores
  • Sr. João
  • ...

Espaços:

  • Portimão
  • Odeceixe
  • Ourique
  • Santana da Serra
  • Castro Verde
  • Açores
  • ...

Notícias

21-03-2011 13:17

Caminhar...

  São longas as estradas que caminho Com curvas escondidas que adivinho Agrestes, seguem levando-me consigo Talvez elas me guiem até ti, meu amigo.   É pó feito do tempo e do sol que queima Quente, sigo a caminhar com grande teima Pegadas memorizam uma terra que pisam São elas que me...
17-03-2011 13:19

Entrelinhas...

  Folhas escritas com palavras estranhas São segredos abertos com outras manhas Leio-as sem procurar as frases que dizem Palavras que as minhas feridas cicatrizem.   Não é de ti este meu estranho anseio São estas palavras que ainda releio Papel repousado num recanto antigo Não é de ti,...
15-03-2011 23:39

Entender...

   Por entre montes e vales despidos Vislumbram-se seres adormecidos Entre o seu entender de querer ver Um mundo que outrora viram nascer.   Estende-se a adversidade de quem passa Encobertos por um sentido de desgraça Olham-se sem saber aquilo que vêem Espreitam sem ver o que ainda...
13-03-2011 19:37

Natural...

  Como se fosse natural olhar Para um mundo onde não vejo Onde se procura sem encontrar Um alguém que roube o desejo.   Natural é ter-te mais perto Poder tocar-te sem hesitação Natural é sentir o que é certo Poder desejar-te com satisfação.   Como se fosse natural não...

 

   Imagens por: Pedro Pinheiro

 

 

 

© 2010 Todos os direitos reservados.

Crie o seu site grátisWebnode